Extratos obtidos de algas marinhas são utilizados na agricultura desde a antiguidade, em especial em áreas costeiras. O uso desses produtos, os quais são biodegradáveis, não tóxicos e, consequentemente, essenciais em produções agrícolas sustentáveis, pode ser feito de diferentes formas, ou seja, desde o tratamento de sementes, aplicação foliar ou de forma direta no solo.
A composição dos extratos varia de acordo com a fonte, época e o método de extração, mas, de forma geral, são formados por minerais, fito-hormônios e uma variedade de polissacarídeos. Esses componentes, em especial polissacarídeos como o alginato, quando aplicados no solo, atuam como quelantes que permitem maior disponibilidade de minerais, retenção de água e aumento da aeração do solo, fator que implica em melhor desenvolvimento radicular. Na rizosfera, tornam o ambiente mais propício para o desenvolvimento da microbiota, assim como induzem a produção de exsudatos e a nodulação em leguminosas, por meio de sistemas de sinalização.
Além disso, algas marinhas, em função da presença de grupos funcionais como carboxilas, hidroxilas, sulfato e aminas na parede celular, possuem a capacidade de absorver metais pesados de solos poluídos, de modo a reduzir a concentração desses metais nas raízes.
As algas marrons são as mais utilizadas na agricultura, em especial a espécie Ascophyllum nodosum, a qual é abundante em fito-hormônios como auxinas, giberelinas, citocininas e ácido abscísico. Os extratos dessa espécie demonstraram um incremento na absorção de nutrientes do solo, produtividade e de resiliência em relação a pragas, como afídios, quando aplicados em culturas como frutas, vegetais e flores.
No âmbito das culturas de maior projeção no Brasil, em experimento conduzido por Shukla et al. (2018), a aplicação de extratos reduziu a murcha em soja cultivada em condições de estresse hídrico, de modo que essas plantas tiveram 50% a mais de água que o grupo que não recebeu esse produto, melhor abertura estomática, assim como recuperação mais rápida após o estresse.
Para o milho, observou-se uma influência positiva no tamanho e arquitetura do sistema radicular, de modo a apresentar um maior número de pontas de raiz e comprimento de raízes finas. Além disso, houve uma maior concentração de nutrientes, em especial cálcio, magnésio e molibdênio nas folhas, fator determinado pelo estímulo à expressão gênica de transportadores desses nutrientes na planta desencadeados pelos componentes do extrato (Quassi de Castro et al., 2024).
Portanto, a partir de seus atributos, como fornecedores de macro e micronutrientes, hormônios vegetais, assim como de indução de resistência em plantas, os extratos de algas marinhas surgem, na agricultura, como bioestimulantes e, consequentemente, como uma alternativa para produtores que buscam uma produção mais sustentável e com o menor uso de químicos.
AUTOR: Gabriel de Castro Theodoro
REFERÊNCIAS
ERTANI, Andrea; FRANCIOSO, Ornella; TINTI, Anna; et al. Evaluation of Seaweed Extracts From Laminaria and Ascophyllum nodosum spp. as Biostimulants in Zea mays L. Using a Combination of Chemical, Biochemical and Morphological Approaches. Frontiers in Plant Science, v. 9, 2018.
MUGHUNTH, R J; VELMURUGAN, S; MOHANALAKSHMI, M; et al. A review of seaweed extract’s potential as a biostimulant to enhance growth and mitigate stress in horticulture crops. Scientia Horticulturae, v. 334, p. 113312, 2024.
MUKHERJEE, A. ; PATEL, J. S. Seaweed extract: biostimulator of plant defense and plant productivity. International Journal of Environmental Science and Technology, v. 17, n. 1, p. 553–558, 2019.
SHUKLA, Pushp S; SHOTTON, Katy; NORMAN, Erin; et al. Seaweed extract improve drought tolerance of soybean by regulating stress-response genes. AoB PLANTS, v. 10, n. 1, 2017.