Introdução
A presença de plantas daninhas é um dos principais fatores que limitam a produtividade agrícola, pois competem com as culturas por recursos essenciais como água, luz e nutrientes. Diante disso, entender como diferentes sistemas de manejo do solo afetam a composição da comunidade infestante é essencial para o desenvolvimento de estratégias de controle mais eficientes e sustentáveis.
Este estudo foi realizado por alunos do Laboratório de Plantas Daninhas do Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, com participação ativa de estudantes da graduação e pós-graduação em Agronomia e Ciências Agrárias. Entre os autores estão os alunos Pedro Gabriel Gomes Borges (graduando em Agronomia) e Grazielly Santos Félix (mestranda em Ciências Agrárias), sob orientação dos professores Jardel Lopes Pereira e Adriano Jakelaitis. O trabalho contou ainda com apoio das instituições CAPES e CNPq.
Resultados e Discussão
A pesquisa avaliou três sistemas distintos de manejo do solo: sem revolvimento (SRS), pouco revolvimento (PRS) e intenso revolvimento (IRS). Em cada sistema, foram coletadas 15 amostras utilizando molduras de 0,25 m², nas quais as plantas daninhas foram identificadas e quantificadas. Com base nesses dados, foram calculados o índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’), o índice de equitabilidade de Pielou (J) e o índice de similaridade de Sorensen (S).
Os resultados demonstraram que o sistema com intenso revolvimento (IRS) apresentou os maiores valores de diversidade (H’ = 1,54) e uniformidade (J = 0,74), indicando uma comunidade infestante mais rica e distribuída entre as espécies. Já o sistema sem revolvimento (SRS) apresentou os menores valores (H’ = 1,03 e J = 0,56), evidenciando uma comunidade dominada por poucas espécies. A análise de similaridade revelou maior semelhança entre IRS e PRS (80%), sugerindo que práticas com algum nível de revolvimento tendem a favorecer comunidades de plantas daninhas mais similares entre si.
Espécies como Alternanthera tenella, Panicum maximum, Commelina benghalensis, Eleusine indica e Portulaca oleracea foram identificadas como as principais infestantes nos diferentes sistemas. Essas espécies são reconhecidas por sua capacidade de adaptação a diferentes condições de cultivo, sendo favorecidas principalmente em ambientes mais perturbados, como aqueles com maior intensidade de revolvimento.
Conclusão
De modo geral, o estudo evidencia que o manejo do solo tem papel decisivo na diversidade e composição das plantas daninhas. Sistemas com intenso revolvimento favorecem a emergência de mais espécies e uma distribuição mais equilibrada entre elas, enquanto o sistema sem revolvimento tende a concentrar a infestação em poucas espécies dominantes. Essa informação é fundamental para o planejamento do manejo integrado de plantas daninhas, permitindo intervenções mais específicas e eficazes conforme o tipo de manejo adotado.
Autores:
Pedro Gabriel Gomes Borges e Grazielly Santos Félix
Referências:
PİTELLI, R. A. Interferência de plantas daninhas em culturas agrícolas. Informe Agropecuário, v. 11, n. 129, p. 16–27, 1985.
JAKELAITIS, Adriano. Dinâmica populacional de plantas daninhas nos plantios convencional e direto da cultura do milho. 2001. 90 f. Tese (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2001.