fbpx

O que a queima da cana-de-açúcar tem a ver com o aquecimento global e como isso impacta a sua vida

Com o passar dos anos, ocorreram diversas mudanças no nosso modo de viver e na forma que nos relacionamos com os recursos naturais. Entre elas, podemos citar as alterações e diferentes formas de manejar o solo na agricultura.

Seu constante revolvimento e alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas, causaram a diminuição do potencial de sequestro de carbono no solo, contribuindo para a emissão cada vez maior de gases nocivos à atmosfera, como o dióxido de carbono.

A queima dos agroecossistemas é um exemplo de prática considerada nociva para os solos, e consequentemente, para o meio ambiente.

Em um estudo feito na cidade de Barrinha/SP, foram analisados os atributos físicos, químicos e microbiológicos de um solo em dois sistemas de colheita de cana-de-açúcar: utilizando a queima (cerca de oito anos de prática) e sem o uso da queima.

Constatou-se uma emissão de dióxido de carbono 37% maior na área que utilizava a queima. Além disso, o mesmo estudo apontou que o carbono foi decomposto mais rapidamente na área queimada de cana-de-açúcar.

Outra constatação foi de que a meia-vida do carbono foi mais longa no solo que não sofria queima, com tempo de permanência de 52% maior.

Conclui-se que o sistema canavieiro com queimas contribui potencialmente para a emissão de gases de efeito estufa, e que esta prática é prejudicial ao meio ambiente e a saúde das pessoas.

Em contrapartida, algumas práticas agrícolas são consideradas sustentáveis por contribuírem para a reversão dos processos de degradação do solo, auxiliando sua agregação e fixação de carbono.

São elas: a compostagem em larga escala, plantio direto na palha, rotação e sucessão de culturas, consórcios com plantas de cobertura, uso de remineralizadores do solo, etc.

Assim como é importante implementar estas práticas para aumentar os índices de sequestro de carbono no solo, também são necessários estudos acerca de evitar que este carbono se perca.

Para isso, um sistema de manejo que vem sendo testado é o plantio direto aliado ao uso de fertilizantes orgânicos, visando o aumento dos estoques de elementos essenciais como o nitrogênio e o carbono.

Ao que tudo indica, este é um sistema capaz de mitigar a emissão de gases de efeito estufa, melhorar as condições de vida para os microrganismos do solo e consequentemente, gerar um desenvolvimento de plantas mais saudáveis.

Assim, práticas agroecológicas, que respeitam o solo e o tratam como um ser vivo e funcional, contribuem para o sequestro de carbono, que passará a ser mais valorizado a medida que o produtor se conscientizar de seus inúmeros benefícios, ambientais e econômicos.

O mercado de carbono ainda é pouco conhecido no Brasil, mas possui um grande potencial de crescimento. O produtor que comprovar que sequestra carbono em sua propriedade, poderá converter uma tonelada desse gás em um crédito, e este crédito, em dinheiro.

Diante desse desafio, nosso objetivo é ajudar o produtor rural a produzir mais ao mesmo tempo em que regenera seu solo, que será o grande responsável por combater o aquecimento global e garantir a vida das futuras gerações.

Referências

MOITINHO, M. R. et al. Effects of burned and unburned sugarcane harvesting systems on soil CO2 emission and soil physical, chemical, and microbiological attributes. CATENA, v. 196, p. 104903, 2021.

CAVALCANTE, J. S. et al. Long‐term surface application of dairy liquid manure to soil under no‐till improves carbon and nitrogen stocks. European Journal of Soil Science, v. 71, n. 6, p. 1132-1143, 2020.

Autora: Gabriella Brandão estagiária do IBA – Instituto Brasileiro de Agroecologia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como podemos te ajudar?