Com tantas mudanças e a constante necessidade de adaptação, já parou para pensar em como as plantas se comportam quando são submetidas a condições desfavoráveis para sua sobrevivência? As mudanças climáticas têm colaborado para o aumento da ocorrência de fenômenos como a seca, que ocasionam situações de estresse hídrico para as plantas. Nesses casos, como as plantas buscam a adaptação e sobrevivência? Essa pergunta também encontra sustentação nas seguintes preocupações mundiais:
• Tendo em vista o constante aumento populacional, como manter a produtividade de alimentos em cenários em que a agricultura é afetada pela seca?
Para buscar alternativas eficazes, cientistas de várias partes do mundo têm voltado sua atenção para a investigação da relação mais complexa existente entre as plantas e o solo, mais especificamente entre as raízes e os microrganismos do solo. Sabemos que as raízes são fundamentais para a busca por água e nutrientes do solo, além disso, alguns grupos de microrganismos auxiliam na proteção da planta aos ataques de patógenos, contribuindo assim para sua resistência.
Mas, sobre a seca…
Você sabia que alguns microrganismos podem auxiliar no desenvolvimento e crescimento da planta sob condições de estresse hídrico? Como isso ocorre? Através do estímulo ao crescimento da raiz, que contribui para a maior exploração do solo e consequente capacidade de aquisição de nutrientes e água (Práticas que incentivem a decomposição de matéria orgânica das plantas auxiliam nesse processo, veja mais em: https://www.youtube.com/watch?v=Bt24ZB56yG4).
Os exsudatos das raízes funcionam como recrutadores de microrganismos que possuem a capacidade de auxiliar em determinadas funções e necessidades fisiológicas da planta naquele momento, sendo esse um dos grandes fatores que auxiliam na resistência e sobrevivência das plantas às situações de estresse hídrico.
Como uma relação de troca… onde os microrganismos ganham de 20% a 25% do carbono fotossintético para realizar suas funções e atividades metabólicas, através de suas conexões com a rizosfera.
Algumas estratégias são usadas pelas plantas para resistir ao estresse hídrico, são elas a modificação da plasticidade estrutural e morfológica do sistema radicular da planta. Sob condições de seca, a associação entre os microrganismos e a rizosfera facilita a eficiência da água e absorção dos nutrientes, contribuindo assim para o maior rendimento da colheita e maior tolerância à seca.
Para entender melhor a complexa relação existente entre as plantas e os microrganismos do solo, se faz necessária a compreensão mais assertiva acerca da fisiologia vegetal. Logo, uma das principais e mais conhecidas formas das plantas responderem à seca é por meio do fechamento de seus estômatos, para evitar assim a perda de água.
Além disso, cientistas perceberam em seus estudos que o ácido abscísico pode aliviar os efeitos da seca na sobrevivência e adaptação das plantas. Sabendo dessas informações, investigações passaram a ser mais voltadas para o conhecimento da capacidade de microrganismos do solo de contribuir para a produção de ácido abscísico.
Tendo isso em vista, os resultados dos estudos mostraram que microrganismos como: Azospirillum brasiliense, A. lipoferum, Bacillus subtilis, Burkholderia phytofirmans, Achromobacter sp., B. licheniformis e Pseudomonas putida, têm o potencial de auxiliar as plantas em seu crescimento, adaptação e melhor rendimento durante a seca.
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Referência:
ASLAM, Mehtab Muhammad et al. Rhizosphere microbiomes can regulate plant drought tolerance. Pedosphere, v. 32, n. 1, p. 61-74, 2022.
Autora: Gabriella Brandão e Maria Antônia Santos, profissionais do IBA – Instituto Brasileiro de Agricultura Sustentável